10 março 2012

"Sou cabeça, sou pessoa, sou voz, sou coração" ♫

Lembro-me a primeira vez que ouvi falar em produção cultural.
Final de 2001 e as buscas de informações sobre cursos para prestar o vestibular no ano seguinte começavam. Vários cursos interessantes, várias dificuldades impostas por mim para uma escolha e li sobre produção cultural. Achei o curso bacana, mas teria história como matéria na prova específica e nem investi na ideia. Consigo até recordar de um dia em que estávamos eu, Pâmella e Carol dando uma das nossas voltas e, dentro das barcas, uma menina me perguntou para qual curso que eu prestaria vestibular e eu respondi que gostei muito de um curso chamado produção cultural, mas que faria geografia. Por coincidência ou não, ela estudava produção cultural na UFF, mas nem lembro de nada que ela tenha mencionado.

2002 chegou e prestei vestibular para geografia, não passei, nem estava a fim também e mudei de ideia durante o vestibular, queria mesmo era fazer biologia. Nossa, como me fascinava!
Mais um ano se passou.
2003 prestei vestibular para biologia, não passei.
Insisti mais um ano, 2004, mas no meio do caminho resolvi me dar um tempo. Optei por me permitir seguir em frente sem o compromisso de escolher uma profissão.

Em 2005 consegui meu 1º emprego sem nem procurar, comecei a me socializar, a entrar na vida adulta de verdade. Foi então que eu comecei a enxergar uma outra esfera da vida social, o lado sóciocultural. Na verdade eu fui além do "enxergar", comecei a me envolver, a me viciar, a me apaixonar por esse mundo, pelo que o cerca.
Todo esse processo de conhecer, de paixonite e tudo mais foi até 2007.
Um belo dia, após uma mania insistente de ir a shows e mais shows, eis que chamo e faço "campanha" para irem a um show da banda Chicas. Hoje parece tolo, mas na época foi muito legal, pois várias pessoas foram! Lembro que comprei cerca de 7 ingressos com antecedência, no dia do espetáculo mais alguns e, ao final, eu havia somado 15 ingressos e tinha gente que eu ainda nem conhecia pessoalmente. Sylvinha, hoje meu xodó, por exemplo. Ainda bem que ninguém me deu calote!

Dias após esse show, uma amiga - das que carreguei para o evento - virou para mim e disse:
"Aninha, por que você não investe nisso, hein? Você conseguiu chamar uma galera, se envolveu e gosta dessas coisas, estava na tua cara. Se eu fosse você, investiria.". Lembro disso diretinho. E aí foram vários dizendo a mesma coisa. É, Leila e todos os outros, vocês deram o beliscão que eu precisava, fato. A partir disso eu comecei a pensar no assunto, a procurar saber e no meio dessa pesquisa toda acho que alguém mexeu no meu pote de doce e acabou se lambuzando também.
Eis que, de repente, surge mais uma apaixonada por esse mundo: Pâmella. Assim surgiu nossa "parceria" e não parou mais.

Em 2008 mergulhamos, dentro das nossas possibilidades, na produção cultural e conhecemos Raquel Koehler. Ousadamente e sem experiência alguma, começamos a produzí-la.
Os anos que passamos produzindo a Raquel, artista conhecida no circuito independente do eixo Rio-Niterói, foram os mais intensos da minha vida. Foi muita ralação, haviam períodos que mal dormíamos, pois era emprego fixo de 9h às 15h, depois emendávamos na produção que às vezes ía até 0h, outras até 2h, outras até 4h e até virada chegamos a ficar. Além dos apertos, dos desentendimentos, dos tapas na cara e das superações, foi um mergulho de cabeça num mar ainda desconhecido e um aprendizado impagável, muita gente bacana que tivemos chance de conhecer, muitos elogios e hoje tenho muito orgulho de tudo que fizemos. Erramos bastante, mas fizemos muitas coisas que só quem ama o que faz é capaz de fazer e que nada mais é do que o reflexo do que descobrimos para as nossas vidas, do que somos essencialmente.

Os anos continuaram passando, Raquel agora é Keller, Pâmella estudante de produção cultural e eu... estudante de publicidade e propaganda.
Pensa que, mais uma vez, mudei de ideia quanto à minha carreira?
Bem, em 2001 eu tinha 16 anos, hoje estou com 26, 10 anos se passaram, em 2 meses serão 27 anos completos, acho que não estou mais tão indecisa, não é mesmo? Certamente! Mas não se trata de ser velha demais para ser indecisa.
No final das contas, o prêmio mesmo é ter certeza do que quer! É encontrar uma razão (ou não), é se encontrar. Ainda bem que tive dúvidas durante esses anos, ainda bem!
Se acho uma pena não ter percebido tudo isso mais cedo? Sim, acho. Mas acho muito mais do cara*** ser apaixonada pelo que escolhi, pelo que me escolheu, e ter tudo tão bem definido, bem traçado, certo de que irá acontecer.
Mas respondendo à primeira pergunta: Não mudei de ideia quanto à minha futura carreira, trabalharei com produção cultural, nada me tira desse caminho.
Estamos em 2012, há um bom tempo que me dei conta da mulher que me tornei, do quanto amadureci, independentemente da quantidade de aniversários feitos.
Hoje estudo Comunicação Social para aplicar em Produção Cultural, pois uma empresa irá surgir da minha união profissional com minha amiga Pâmella.
Trata-se de um futuro que começou para a gente desde que tivemos uma conversa séria dentro de um ônibus, se não me engano, e eu estava assumindo a minha posição voltada para um campo e ela assumindo a posição dela para o outro. E que o futuro continue cada vez mais presente, bem como tem estado.





Escrevi tanto, mas não descrevi metade de tudo que já aconteceu nos últimos anos.
Nem vou mais escrever, claro... estou cansada, já.
Mas algumas citações preciso fazer.


Chicas - Uma banda só de mulheres e que me encantou desde a primeira vez que vi e ouvi. Admiro o grupo como um todo, a trajetória que conheço, a maneira que conduzem o trabalho e até mesmo os repertórios, a maneira que cantam e expressam no rosto, no corpo e nas composições o amor e a dedicação pelo que fazem, o "estreitamento" que elas permitem e que só agora eu reconheço, enfim, são muitos pontos que eu poderia destacar e apenas como alguém da plateia, com um olhar sempre atento e de graça ao trabalho que fazem. Atribuo demais parte da minha história (profissional) à essa banda que ajuda a manter dentro de mim uma paixão que parece inabalável, seja pelas artistas que são ou pela força que elas representam, estejam elas nos palcos ou "ausentes", mesmo sem nem ter proximidade com nenhuma delas, ainda (rs).






Raquel Keller - Hoje, dia 10 de março de 2012 e você estará de volta aos palcos e nós estaremos na plateia. Cara, que sensação louca que isso me dá. Um frio na barriga, um ar de lamento por não fazer mais parte disso, mas ao mesmo tempo uma alegria e um orgulho tremendo de vê-la voltando. Acho que nem preciso dizer o quanto ela foi, é e sempre será importante na nossa história. Tenho muito orgulho pela artista talentosa que você é, por sua garra, por sua inteligência, por suas sacadas, pela força e fragilidade que representam demais a alma da artista que se tornou e que, implicitamente (ou não), está presente em quase todo o trabalho que faz e que só os que estão do outro lado têm oportunidade de conhecer, de palpar e isso é sensacional, pois dá ânimo para batalhar cada vez mais. Hoje sou apenas tua amiga, admiradora e parceira no que for possível e preciso, mas ainda nos esbarraremos pelos corredores e circuitos culturais, Creuza! Ô se vamos! Não serei ousada neste momento, mas... o futuro mais distante nos aguarda, vai que! (rs)
E uma coisa que se tornou inesquecível para mim, dentre várias conversas de horas e horas via msn, uma vez ela disse que via em mim uma pessoa que tudo que faz é com paixão e que por isso saem bem feitas, por isso a "seleção", que não deveria deixar isso passar batido. Na verdade eu sempre fui de fazer somente o que eu tivesse vontade de fazer, mesmo achando egoísta, mas quando disse isso consegui dar mais leveza a esse meu comportamento. Uma ótica que ainda não havia visualizado até então, que não torna as coisas mais fáceis, mas que ajuda a lidar melhor com algumas recusas. Obrigada por tudo, mais ainda pelo que se tornou.






Pâmella
- O que dizer desta pessoa? Bem, acho que não preciso falar muito. Fermata = duas pessoas muito parecidas e muito diferentes, duas amigas, duas irmãs, duas tatuagens, uma união.






E tem, claro, aqueles que não são diretamente ligados a tudo que contei, mas que são extramamente importantes para manter as nossas estruturas , nos mantermos de pé.





Ontem, durante a aula, a professora fez uma citação que não lembro de quem foi, mas dizia, mais ou menos, que todos os dias devemos lembrar dos nos nossos objetivos e aí comecei a recaptular tudo, desde o comecinho. Por pouco não me desviei da aula. (rs)

E é por tudo isso que não aceito certos julgamentos sobre minhas escolhas, sobre coisas que fiz ou deixei de fazer. Acima de qualquer coisa, me respeito e não exijo menos do que isso dos outros. Se não o tiverem é bem simples: cada um segue teu caminho.
Não falta maturidade para críticas, falta, talvez, tolerância para determinados abusos, frases prontas e sem fundamentos.
Há muito mais do que foco, comprometimento, romantismo, certeza de um futuro, seja ele promissor ou não, mas certamente de sucesso. E eu sei que compreender tudo isso não é para qualquer um, que é impossível de ser alcançado por muita gente, mas aí já é outro departamento. E entenda "sucesso" como quiser.





“Não se chegou a nada grande nesse mundo sem paixão.”
Hegel

9 comentários:

  1. Nossa, consegui vivenciar tudo agora...Emocionada!
    Talvez se não fosse Raquel nem saberíamos o quanto amamos o que queremos. E a vida vai fazendo, sem querer, de uma forma ou de outra, as coisas acontecerem. É pra ser. Disso eu tenho certeza.

    "Todos os dias devemos lembrar dos nos nossos objetivos e aí comecei a recaptular tudo, desde o comecinho." - Farei isso!

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  2. Adorei o texto, Ana! Conseguiu passar emoção desta vez! Parabéns!
    Mesmo eu estando de fora, acreditem, vocês conseguirão, pois o mais importante já têm: a certeza, a força de vontade, a garra! Agora é contar um pouquinho com a sorte! Mas essa, com as oportunidades, contatos, experiências, logo logo aparecerá! E contem comigo SEMPRE para estar na torcida!

    ;)

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    1. Desta vez, né? rsrs.
      É sempre muito bom saber do apoio de quem gosta da gente... obrigada!

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  3. Nossa, passou um filme agora na minha cabeça! Vivi boa parte desses momentos com vocês, e quando não estava presente fisicamente, me encontrava em pensamentos. Então, fico extremamente feliz de ter visto o sonho nascer, os desafios sendo superados, e o mérito das pequenas-grandes conquistas. E tenho certeza que muitas outras ainda virão, porque o que não falta é força, coragem e paixão.

    Amo, torço, admiro e acredito em vocês. Vou está sempre na primeira fileira aplaudindo pé tudo que vocês fizerem.

    A vida ensina
    E o tempo traz o tom
    Pra nascer uma canção... ♪

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    1. E se viveu!
      Acho que se não fossem pelos "outros" tudo isso teria sido bem mais difícil.
      Te amo!

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  4. Own Creuza...vcs são parte de mim, extensão do que sou hoje e amanhã...muito obrigada por tudo!!!!Sou sua fã!!!

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    1. "Own"?? Não precisa tanta meiguice, vai... hahaha.

      Saudade de tudo, sempre.
      Admiração, sempre.
      Fã, sempre.
      Amor, sempre.

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