15 fevereiro 2011

Delicadeza





"De repente, o palco, praticamente despido de cenário, vira um grande playground, onde os dançarinos pulam corda, sentam em balões, imitam pássaros, cospem água uns nos outros, brigam, vivem suas fantasias e não temem ser julgados. Criancices. Fragmentos de uma época da vida em que a opinião dos outros não nos interessava em nada, em que tudo era permitido, tudo tinha graça, tudo era novo.
Não precisaríamos perder nada disso com a passagem do tempo, mas perdemos. Ficamos blindados. Tudo o que não for 'adulto' passa à categoria do ridículo.E um belo dia nos damos conta de que não possuímos mais a leveza necessária para apreciar o que é simplesmente belo, simplesmente inusitado, simplesmente espontâneo, simplesmente sem sentido. O 'simplesmente' deixa de ser algo aceitável. É preciso vir uma teoria junto, uma bula, uma explicação."



Trecho da crônica 'Delicadeza', do livro sempre citado por aqui: Doidas & Santas - Martha Medeiros.

Um comentário:

  1. Pois é!As pessoas não se permitem, não baixam a guarda, mas numa "balada" se "dão" a qualquer um.Triste contradição.

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