10 dezembro 2011

Trancas

Quantas coisas perdemos por não vivermos nossas totalidades?
Poderíamos nos explorar muito mais do que nos exploramos, sermos maiores, mais amplos, não termos limites e assim permitirmos que o nosso "leque" de possibilidades fosse mais extenso.
Tudo bem que se permitir ser mais extenso não abriria portas apenas para o que é bom, a vida não é feita apenas de felicidade e para mantê-la em equilíbrio, portas com consequências difíceis também se fariam presentes.
Mas e daí? Para toda opção/ação/escolha, há uma consequência. Boa ou ruim, por que não assumir os riscos???
Dizem por aí que isso é "dar a cara à tapa", concordo, mas, na verdade, isso é se respeitar, é tentar viver o que se deseja viver.
Corajoso?! Negativo. O medo que torna tudo isso possível, desafiador e para nos respeitarmos, muitas vezes, precisamos quebrar barreiras culturais, sociais, psicológicas, geográficas, econômicas, entre várias outras que se quer sabemos de onde sairam.

O ser humano pensa que é evoluído, pensa.
Posso até considerar que estejamos em um processo evolutivo, mas, para mim, há muito a ser superado para nos aproximarmos do que considero evolução.
De acordo com o dicionário, evolução: s.f. Desenvolvimento ou transformação de ideias, sistemas, costumes, hábitos, seres orgânicos e inorgânicos.
Sendo assim, ainda há M U I T A coisa a se desenvolver e se transformar dentro de mim, de nós.

Tentando juntar tudo isso numa coisa só, vamos raciocinar tomando como exemplo aquilo que com todos mexem: Relacionamentos.
Já comparou o "leque" de possibilidades que a vida nos oferta e com o seu "leque"?
Se você for limítrofe, se quer enxerga isso. Ou aconteceu o que comigo acontece, pois, como você, não sou tão evoluída quanto penso.
Preconceito, essa é a resposta.
Será que não ser preconceituoso é apenas não ter nada contra determinada pessoa/situação/fato?
Dentro das minhas íntimas convicções, não é só isso.
Embora a definição de preconceito esteja relacionada à forma de se pensar e não, diretamente, a respeito de nossas ações ou conduções (condições), para mim, todos nós somos preconceituosos e limitadíssimos quando dizemos que respeitamos o outro (o amigo que fica com homens, a amiga que fica com um cara gordo, o vizinho de 26 anos que namora uma mulher de 45, a loira que casou com o preto, o professor que sai com a menina da lanchonete, a prima que se apaixonou por um macumbeiro, entre vários outros exemplos), pois, quando somos colocados dentro de algumas situações, abrimos a boca e falamos: "nada contra, mas para mim não serve" ou "respeito a opção de cada um, mas não é para mim", etc. Sendo assim, se eu digo que gosto de verde, mas não uso porque acho brega, eu não gosto de verde.

Eu sou limitada quando não permito que uma amizade possa virar um relacionamento; sou preconceituosa quando penso na exposição que o outro pode me colocar e que não saberei me comportar; sou limitada e preconceituosa quando alguém mais jovem cogita algo comigo; sou preconceituosa quando a mulher é masculinizada; sou limitada quando não falo, mas imponho com a minha postura; sou preconceituosa quando crio uma situação para não ser colocada em saia justa, além de limitada. Enfim, sou cheia de limitações e preconceitos. E assumida.

Assumir um pensamento, uma postura, uma condição, qualquer coisa, não faz de nós pessoas mais evoluídas, pois continuamos a deixar muitas coisas escaparem aos nossos olhos por burlarmos a nós mesmos, preferimos viver com as nossas "regras" e as que a sociedade nos impõe; aceitamos, respeitamos, mas as escolhas dos outros não servem para nós, não se aplicam e assim seguimos nos limitando, nos permitindo um pequeno "leque" de opções para a felicidade, para os amores, para a intensidade, para as realizações, pois há muitas consequências a virem junto e que se quer cogitamos encará-las.




Embora a vida nos ofereça várias portas, nossos limites e preconceitos não nos deixam aprender a abrí-las.

Nenhum comentário:

Postar um comentário